O Mappa foi nosso primeiro produto digital. Um guia inteligente de filmes, artigos e palestras desenhado para que as pessoas pudessem desenvolver jornadas de aprendizado de forma autodidata e com muito mais qualidade. Construímos esse guia a partir da nossa experiência analógica.
Por alguns anos fizemos um trabalho aqui na Inesplorato em que entrevistávamos as pessoas, descobríamos as suas necessidades de conhecimento e criávamos para elas uma caixa de filmes, livros e revistas, entre outros itens, que as ajudaria a lidar com suas questões pessoais e profissionais. Um trabalho lindo, artesanal e muito custoso. Por isso, uma ideia que pedia digitalização para ganho de escala – ou seja, a proposta do Mappa.
Fizemos o projeto dentro de casa. Montamos um time de curadores, designers e desenvolvedores para criar uma primeira experiência. Foram dois anos de trabalho até que a primeira versão entrasse no ar (já se ligou em nosso primeiro erro, né?). Aos poucos, os usuários foram chegando e, junto com eles, fomos aprendendo muito com o processo.
As pessoas amavam que o Mappa fazia um diagnóstico certeiro do momento da vida delas (isso foi o que deu mais trabalho para ser feito), depois curtiam muito as recomendações que aconteciam aos poucos e que as tocavam profundamente. Era comum a gente receber feedbacks de que aquele filme tinha chegado em boa hora e que algo intenso havia acontecido a partir daquele encontro. Que delícia era receber esse tipo de depoimento! O problema é que a galera que mais curtiu – e que virou fã (até hoje) do Mappa – era minoritária. A grande maioria chegava, se apaixonava mesmo sem entender muito bem, mas deixava para depois, para um outro dia aquela dieta sonhada de conteúdos.



Ponto de virada
O tempo foi passando, chegamos a ter milhares de usuários, mas o tempo que o produto pedia para se tornar rentável era um tempo que a gente não tinha mais. Não era do nosso interesse naquele momento abrir o Mappa para receber investimentos. A gente queria fazer as coisas com calma, sem pressão comercial, e essa visão não combina com a lógica de mercado. Assim, veio a decisão de pausar o produto e viver o luto de um projeto pelo qual todos nós éramos apaixonados.

O mais inesperado dessa história é que quando a pandemia chegou muita gente lembrou do Mappa. O tempo em casa e o desenvolvimento do streaming deixaram mais explícita a dificuldade de escolher conteúdos que realmente mudam nossa vida para melhor. Ouço sempre o pedido saudoso pela volta da plataforma, e quando isso acontece fica aquela sensação de frustração de uma ideia tida fora do seu tempo.


Hoje usamos no dia a dia da Inesplorato muito do que aprendemos com esse projeto!
Somos experts em tecnologia de recomendação, por exemplo, e já fizemos projetos aplicando esse conhecimento. Indo além, todos os erros cometidos no desenvolvimento de um produto digital nos fortaleceram para as empreitadas que vieram na sequência. Aliás, aprender a lidar com os erros era uma das jornadas bombadas da plataforma.
Se o Mappa vai voltar em algum momento é algo que nós ainda não sabemos responder, mas temos certeza de que a essência do projeto continua viva e ganhando outras formas. (Quem sabe!)
Até mais,

Debora Emm
Sócia Fundadora da Inesplorato