Em 2011, ano em que comecei a trabalhar na Inês, se alguém me dissesse que alguns anos depois eu teria a oportunidade de participar de um projeto sobre liderança feminina para um cliente corporativo, desenvolvendo uma jornada exclusiva para mulheres na qual a gente pudesse se ouvir, dialogar, trocar conhecimento e se fortalecer numa rede de apoio, eu certamente desconfiaria.
Por mais que questões de gênero sempre estivessem presentes nos projetos da Inesplorato desde o início da nossa história, o mercado na época ainda não estava pronto para muitas das conversas que eclodiram nos anos seguintes. De lá pra cá, o mercado se abriu e, se antes termos como “machismo” e “privilégio” eram considerados palavrão, hoje a gente tem muito orgulho de estar rodando desde 2020 uma jornada transformadora de empoderamento feminino para as líderes mulheres da Ambev. Mas como criar um programa para empoderar mulheres da Ambev que fosse além de uma palestra e que de fato fortalecesse essas lideranças? O resultado foi o Programa SOMOS, uma jornada de 5 encontros temáticos que já impactou mais de 400 mulheres da empresa em diferentes partes do mundo – de brasileiras, argentinas, europeias até sul-africanas e chinesas.
Por aqui dividimos alguns dos aprendizados do programa SOMOS como inspiração, caso você e sua empresa também tenham o compromisso de construir um ambiente mais acolhedor para as mulheres na liderança.
1. Mantenha frequência e consistência como chaves para a transformação
O programa SOMOS foi pensado como uma série de 5 encontros quinzenais on-line de 2 horas cada. Pode parecer bastante, né? Mas à medida que as participantes entendem a relevância do assunto e se conectam umas com as outras, elas organizam as agendas e fazem acontecer. O fato de ser uma jornada e não um encontro pontual nos permite mergulhar em cada tema – de Liderança e Comunicação à Mentoria – no tempo e profundidade que eles merecem.
2. Equilibre momentos de troca com pílulas de conhecimento
Tratar de temas tão densos como o machismo no ambiente corporativo exige momentos de respiro para absorção dos aprendizados. Pensando nisso, os encontros mesclam momentos de conteúdo (dados, teorias, vídeos etc.) com espaços para troca e escuta entre as participantes. Breakout rooms do Zoom e ferramentas de registro como o Slido são grandes aliados nessas interações.
3. Crie espaços seguros para partilhas
Para garantir mais qualidade nas trocas, os encontros contam com a participação de, no máximo, 30 mulheres. Esse número reduzido cria um ambiente mais intimista, convidando-as a se abrirem e a conhecerem umas às outras. Durante todo o programa contamos também com a participação e cocriação da TeePee, empresa encabeçada pela psicóloga Camila Piza. Ela traz uma vasta experiência em mediação e promoção de diálogos que faz toda a diferença na hora das partilhas.
4. Envolva a alta liderança e o RH
De nada adianta formar um grupo de mulheres empoderadas se o restante da empresa não está preparado para acolhê-las – isso só vai gerar frustração. Por isso, gestores, alta liderança e a área de RH (sejam mulheres ou homens) precisam fazer parte da conversa e serem letrados sobre o assunto. Aliás, cada encontro do SOMOS – a partir dos depoimentos sobre as vivências das participantes – é um prato cheio de insights para guiar iniciativas futuras que podem mudar o jogo.
Para que empresas possam construir um futuro com maior equidade de gênero, sem dúvidas, mudanças estruturais serão necessárias – como rever planos de contratação, avaliação e promoção, e criar metas ousadas de representatividade com um olhar para a interseccionalidade. Porém, o SOMOS me ensinou que, paralelamente a essas mudanças, ter uma rede de apoio entre as mulheres, dentro do horário comercial, que discute criticamente questões de gênero faz toda a diferença para que elas possam enfrentar os tantos desafios de liderança que virão pela frente de forma menos solitária.
E por aí? Como estão as trocas entre as mulheres na sua empresa?
Até mais,