Loading...
Pontos de vista

BTS Volta, o Brasil Responde

05/07/2025

Após dois anos de serviço militar, finalmente o BTS está de volta. Um evento que é esperado por milhões de fãs que sonham com o retorno dos sete membros em um palco juntos. E o Brasil não está de fora.

À primeira vista, o K-pop pode parecer um fenômeno restrito a um nicho de fãs. Entretanto, se olharmos com mais atenção, é possível perceber como ele atravessa todo o Brasil.

O fenômeno do consumo da cultura coreana, conhecida como Hallyu, vem ganhando forças globalmente. E para não ficar de fora, o Brasil é um dos protagonistas em consumir conteúdo estrangeiro. Segundo Ministério da Cultura, Esporte e Turismo, em 2020, o Brasil foi o terceiro país do mundo e primeiro nas Américas que mais consumiu k-drama durante a pandemia.

E como o Brasil transforma o que consome?

Ao contrário de outros mercados, aqui a cultura coreana não é apenas consumido. Ele é tropicalizado. Misturado. E reescrito com afeto.

Três exemplos ajudam a entender essa lógica:

  1. Alcione cantando em coreano: Uma das maiores vozes do samba brasileiro (e, para muitos, a própria rainha) surpreendeu ao homenagear um dorama cantando em coreano, idioma que, segundo ela, é também “cheio de paixão”. A Marrom escreveu em seu Instagram: “Em que mundo eu não seria fã de K-drama?”
  2. Além do Guarda Roupa: Série brasileira que traz a conexão (literal e figurativa) do Brasil, especificamente, o Bom Retiro, com a Coreia. O que envolveu a surpresa de muitos é que a HBO Max realmente trouxe um idol de kpop, ex-membro do grupo Stray Kids, para atuar dentro da série.
  3. K-drama dentro da novela das sete: “Volta por Cima” traz uma personagem que ama k-drama e mostra ela assistindo “Pétalas de amor” como parte da história. A autora da novela disse que era o sonho dela trazer a cultura amarela para dentro das telas.

Esses exemplos não são exceção. Eles revelam algo essencial sobre o Brasil: nossa cultura é feita de sobreposições. De histórias que chegam e ganham novo sentido. De expressões que não negam o que vem de fora, mas o atravessam com nossos próprios afetos, idiomas e códigos.

Entendi. Mas você pode me dar um exemplo concreto?

Claro! Esse movimento simbólico também se expressa no espaço urbano. Bairros como a Liberdade, em São Paulo, historicamente ligados à imigração japonesa, hoje acolhem novas camadas de referências asiáticas, especialmente coreanas. Os tais “produtinhos coreanos” fazem filas pela Rua da Glória. A Liberdade virou vitrine da Ásia pop e isso não se trata de apagamento, mas de sobreposição.

Mistura, tradução e brasilidade

Para as ARMYs, fandom do BTS, o retorno aos palcos é aguardado para 2026. Enquanto isso, o Brasil segue fazendo o que sabe melhor: transformar encontros culturais em novas formas de ser, sentir e contar quem somos. Porque talvez nossa brasilidade esteja justamente nisso, em traduzir o mundo, à nossa maneira.

Essa reflexão é uma das várias que temos aqui na Inesplorato. No nosso podcast Insurgentes, falamos mais de como o Brasil é um composto de várias lentes. Do país do futuro ao vira-lata.

E você, já percebeu como o Brasil ressignifica o que consome? Que outras traduções simbólicas fazem parte do nosso dia a dia?

Até a próxima!

Adriana Chien

Perspectivas relacionadas...

Pontos de vista
...

Procuram-se homens com “H”

É preciso ampliar a conversa sobre masculinidade com coragem, cuidado e profundidade. Nas empresas, a masculinidade deve ser vista tanto da porta pra dentro, como da porta pra fora.

Pontos de vista
...

Agentes de IA vão decidir suas vendas. Você está preparado?

Agentes de IA, muito em breve, serão os principais influenciadores e decisores de compra em diversas categorias de produtos. Estamos acompanhando esse movimento desde 2022, quando ainda parecia uma ideia distante e hipotética. Mas o tempo passou, e essa realidade já bate à porta das empresas. Você está ouvindo esse alerta? Nos últimos dias, a disputa entre...

Pontos de vista
...

A escola como tempo para si